O Diário estreia mais um colunista de Gastronomia e Viagem neste final de semana: o cervejeiro Denys Coelho compartilhará aqui suas experiências com esse universo que tem fascinado tanta gente. Seja bem-vindo, Denys!
Foto: Arquivo Pessoal
Denys Coelho esteve no Brooklyn, nos Estados Unidos, para conhecer a cervejaria Brooklyn Brewery, um dos ícones do mundo cervejeiro
Quando a gente se envolve com as cervejas artesanais, aprende muito sobre aromas e sabores. Pois lembro como se fosse hoje do sabor daquela Pale Ale que tomei em Buenos Aires em 2005. Foi a primeira cerveja artesanal que experimentei. Elas ainda nem tinham virado moda, quando aquela bebida mexeu com o meu paladar.
Dois anos depois, prometi a uns amigos que faríamos a própria cerveja. A fabricação de vinhos artesanais era bem comum e por que, então, não poderíamos nos aventurar com as cervejas? Mal sabia que a decisão que estava tomando iria influenciar na minha vida dali para frente. Encomendei alguns livros dos Estados Unidos, é bom dizer que eram outros tempos e praticamente não se encontrava bons materiais na internet sobre esse tema.
Acabei descobrindo uma importadora em Porto Alegre. Por sinal, tive muita sorte, quando fui até a WE Consultoria, recebi das mãos do Sr. Werner Emmel, o dono, a minha primeira receita (reprodução ao lado), a qual guardo até hoje, junto com todos os insumos que precisava. Fiquei encantado, pois iria utilizar dos melhores produtos disponíveis no mundo. Maltes Weyermann (Alemanha), lúpulo Barth (Alemanha) e levedura Fermentis (França).
Providenciei as panelas e lancei o desafio para os meus amigos Alexandre Viero e Janilton Nunes. Depois de várias horas de trabalho, interrompidas com consultas aos livros, já tínhamos o primeiro mosto (uma mistura produzida na primeira etapa de fabricação da cerveja) fermentando. Passados uns 15 dias, fomos experimentar o produto, para o qual convidamos vários outros amigos e para a nossa satisfação a sentença foi:
_ Está bebível!
Mas o que é cerveja artesanal?
Havia ingressado em um mundo do qual não imaginava o tamanho e aonde iria me levar. Naquela época, não podia imaginar a satisfação que a cerveja artesanal traria para a minha vida (e não falo apenas do momento de degustá-las, apesar de eles serem muito bons). Comprei mais livros e comecei a me relacionar com outros cervejeiros caseiros. Em 2008, já estava participando de um congresso de cervejeiros em Santa Fé (Argentina), fiz amizades que cultivo até hoje, e não parei mais de viajar, buscar conhecimento, fazer amigos e, é claro, de apreciar uma boa cerveja.
Muitos amigos me perguntam o que é exatamente cerveja artesanal. Existem vários conceitos, a Brewers Association (Associação Norte-Americana de Cervejeiros) define Cerveja Artesanal como aquela feita por uma pequena cervejaria, independente (não controlada por grandes grupos empresariais) e tradicional (aromas, sabores e álcool derivados de processos e ingredientes tradicionais ou inovadores de produção). Porém, acredito que o artesanal deve estar associado a um criador, isto é, deve ter a alma do cervejeiro e este estar associado ao seu produto. Desde a criação da receita até o processo produtivo e quem sabe na degustação.
Disse tudo isso para me apresentar um pouco, e contar por que, uma pessoa que vem de outro universo, o empresarial, mais especificamente o da tecnologia, começa a partir de hoje a escrever sobre algo que tem alma artesanal.
Ao longo das colunas que compartilharei com vocês aqui no site do Diário, pretendo falar do mundo da cerveja artesanal, insumos, produtos, lugares, aromas e sabores, enfim, experiências.
Ainda temos muito a crescer
Por enquanto, o que posso adiantar é: se você pensa em fazer cerveja em casa, vá em frente, tem um mundo a descortinar, usando apenas 4 ingredientes básicos: água, malte, lúpulo e levedura. Mas acredite, existe muito ainda a ser inventado e descoberto, como tenho acompanhado nos últimos 11 anos.
Ah, se quiser ir testando seus conhecimentos sobre esse universo das cervejas artesanais, neste link você encontra um quiz que é bem básico, mas que serve como uma experiência interessante.
A partir de hoje, compartilho com você uma das minhas maiores paixões, espero que você esteja disposto a saborear essa experiência comigo.
Prost! Um brinde, e até a próxima.
Quer trocar uma ideia sobre o tema? Te espero no dscoelho@macchina.com.br.